Imagem: Wikipedia
O verão de 2012, para mim, começou num local que faz parte de minha história, o Paraguai. E apesar de muito do que sabemos de lá ser composto dos típicos preços baixos, a expressão “La Garantia soy Yo”, e a seleção de futebol local, nossos amigos guaranis têm muito mais oferecer do que pechinchas em eletrônicos.
Afinal, podemos começar pelo próprio apelido dos habitantes de lá: “Guarani”. Não, não é coincidência; a palavra tem a mesma origem que a que temos por aqui, e da língua falada, até por um tempo, oficialmente no Brasil, o “Tupí-guaraní”.
Mas enquanto por aqui, nossa relação com o idioma índio desapareceu, no Paraguai ainda luta para permanecer: não só é uma das línguas oficiais do país (junto ao Espanhol), como é ensinado nas escolas.
Confesso que, da língua, não sei muita coisa. “Ita” significa “pedra”; “juba” é “amarelo”. O que forma o nome da praia que visito em Santa Catarina. “Mba´e Pio” é algo como “o que que há?”, mas num tom um pouco intimidador. E todo esse meu conhecimento junto, nem de longe, formaria uma frase coerente. Mas isso não diminui minha admiração por um país que tenta manter viva sua cultura secular.
Entretanto, depois de ler tudo isso, alguém se pode estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com o singelo título acima, envolvendo uma palavra em guarani, e o amado marsupial das planícies australianas.
Canguru (Imagem: Wikipedia)
Explico: muitas pessoas já ouviram aquela história, de quando os exploradores ingleses chegaram à Austrália, e, quando viram aqueles curiosos animais saltando pela relva local, perguntaram por seu nome. De acordo com o conto, os aborígenes locais responderam “Canguru”, e os britânicos interpretaram como o nome do ser, mas que na língua local, significaria “eu não entendo”.
Bem, essa história não é verdade, mas tampouco é completamente mentira. Isso realmente aconteceu, mas com exploradores espanhóis, e no México. Quando estes chegaram, e viram o enorme golfo que se estendia por toda a Costa da América Central, perguntaram aos índios locais o nome da região, ouvindo o termo “Yucatán” como resposta; mas os indígenas locais sim estavam dizendo “eu não entendo”, o que foi mal interpretado pelos conquistadores, e nomeou para sempre aquela região entre Estados Unidos e México.
Península de Yucatán (imagem: www.worldtraveling.com)
Pois bem. No Paraguai, algo similar ocorreu. Não muito longe de Assunção, capital do país, está um lago chamado Ypacaraí. Seus 90 quilômetros quadrados chamaram a atenção dos espanhóis que o visitaram, e ao perguntar o nome do local, o nome “Ypacaraí” surgiu”.
Apesar das diversas traduções já feitas e interpretadas, a palavra “Ypa”, que pode significar “água” ou “lago”, juntada ao o termo “Caraí”, que é “o senhor, montam a frase “a água, senhor?”. E formam assim, mais uma confusão comunicativa dos tempos coloniais das Américas.
Claro que existem muitas histórias ao redor desse nome. De repente, eu também estou enganado, e o nome pode simplesmente significar “Lago conjurado”, pois foi abençoado por um padre beato no começo do século XVII. Mas o lago, sua beleza, e suas histórias fazem parte da rica cultura de um de nossos vizinhos latino-americanos.
Juan L. Martínez
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