sábado, 28 de janeiro de 2012

Welcome to the U.S.A.


Na primeira vez que estive nos Estados Unidos, em 1998, pouco ou nada sabia da cultura local, a não ser aquela que a gente sempre vê pela televisão, ou escuta por aí.

O primeiro local que eu estive por lá não foi Nova Iorque ou Miami, e sim, uma cidade de médias proporções, localizada no centro do país: Muncie, Indiana.

De Indiana, o pouco que eu sabia por aqui eram as 500 milhas de Indianápolis, e o time de basquete da NBA, os Pacers. Logo, minha expectativa era de ver esses dois ícones, de alguma forma, refletidos no cenário local da cidade, mesmo que não fosse a capital.

Oval de Indianápolis, Indiana

De certa forma, eu não estava tão errado. O povo local realmente gosta das corridas, e torce pelo seu time profissional. Mas em Muncie, e em muitas cidades dos E.U.A., não era bem daqueles atletas bem pagos que o pessoal gostava de falar.

O que veio como uma agradável surpresa foi minha primeira semana em Indiana. Assim que o segundo semestre começou por lá, um jogo de basquete escolar, entre Muncie Southside e Muncie Central estava programado para a noite de sábado.

Antes mesmo de irmos ao ginásio, meus pais americanos (que me hospedaram lá) me disseram que aquele era o “clássico” da cidade. Eu, em minha ingenuidade, achei que ambos exageravam, como fazemos por aqui também. E afinal, como um jogo entre escolas pode ser tão importante?

Bem, depois de pagar entrada (!), o que já foi inesperado, eu vi do que eles falavam: o ginásio da escola Muncie Central estava lotado! As cores do time local, roxo e branco, dominavam as arquibancadas, e alguns usando o vermelho do visitante tentavam incentivar seu time. Pelo que eu ouvi, 5 mil pessoas acompanhavam a partida ali, entre os Bearcats, mandantes, contra os Rebels, da escola do sul da cidade, onde eu viria a estudar.

Rebels sendo massacrados pelos Bearcats.

E não só a presença massiva de pessoas foi incrível, mas o fanatismo que cada torcida tinha pelos seus times. Algo quase inexplicável, mas que foi ficando cada vez mais claro com o tempo, quando eu lia os jornais e via que o “Atleta da Semana” quase sempre era um jogador de colegial, ou como as pessoas comentavam a partida da noite anterior nas escolas, ruas, mercados.

Nos meus últimos dias por lá, acabei descobrindo que, não longe de onde morava, estava o “Museu do Basquete Colegial de Indiana”. Um museu só para eles! E lá aprendi porque os Rebels, time de minha escola, sempre levavam uma sova dos Bearcats; a escola central de minha cidade era simplesmente a maior campeã estadual de todos os tempos, com oito títulos.

Interior do Museu do Basquete Colegial de Indiana

Tudo aquilo só me fez pensar como são diferentes as formas de encarar coisas tão similares. Nós temos esportes nas escolas no Brasil também; mas no final, damos muito mais valor aos profissionais que jogam nos grandes times. E lá, é quase ao contrário. Apesar deles contarem com dois times profissionais não tão longe, o povo de Muncie se concentrava muito mais em torcer pelos times escolares locais. Mesmo que os meus Rebels não sejam lá aquela coisa. Algo a se pensar...

Juan Lucas Martínez


P.S. Coincidentemente, no dia 21 de Janeiro os Bearcats tiveram sua maior vitória contra os Rebels, 84 a 36. Tristeza... Matéria completa do jogo aqui.

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